Chegou ao pé dela e beijou-a. Não lhe disse nada. Apenas caminhou na sua direcção, sem deixar de fixar os seus olhos, unidos naquele que foi o breve instante em que se cruzaram. Os seus olhos. A sua boca. A sua voz. O seu cheiro. A sua presença. O seu "ser".
A sua boca.
"Nada mais importa. Tudo bate certo."
Ele conseguia sentir os emigrantes a tocarem violino nos sinais. Ele conseguia sentir o embalar do autocarro na metrópole. Numa metrópole viva, agitada. Natural ou Anti-Natural.
"Nada mais importa. Tudo bate certo."
Ele conseguia ver um velho sentado num jardim, debaixo duma árvore a ler um livro. Ele conseguia sentir a sua pele roçar e tornar-se una com o sal do mar. Num mar vibrante de satisfação, de preenchimento. Anti-Natural ou Natural.
"Nada mais importa. Tudo bate certo."
Os seus lábios descolaram-se. Afastaram-se quase sem se moverem e ela provou-lhe que também ela sabia que estavam destinados a ficar para sempre juntos, sussurando-lhe lenta e pausadamente nos seus lábios:
"Isto pode ser o início duma bonita amizade." |